"...tornar-se um professor crítico se (...) fala de suas leituras quase como se estivesse recitando-as de memória - não percebe, quando realmente existe, nenhuma relação entre o que leu e o que vem ocorrendo no seu país, na sua cidade, no seu bairro."
Paulo Freire

domingo, 20 de fevereiro de 2011

TEXTO: Histórias da educação infantil brasileira, de Moysés Kuhlmann Jr.

QUESTÃO SOBRE O TEXTO:

Leia a frase abaixo e explique como se deu a luta pela Educação Infantil:
“A luta pela pré-escola pública, democrática e popular se confundia com a luta pela transformação política e social mais ampla.”

RESPOSTA:

A Educação Infantil não surgiu da visão de luta por qualidade de ensino e sim de assistencialismo, como um meio de amenizar os impactos da pobreza de boa parte da população brasileira e controlar o seu comportamento na sociedade, como cita o texto:

“A concepção da assistência científica, formulada no início do século XX, (...) já previa que o atendimento a pobreza não deveria ser feito com grandes investimentos. A educação assistencialista promovia uma pedagogia de submissão, que pretendia preparar os pobres para aceitar a exploração social.” (Kuhlmann, 2000, p. 8).

Dando continuidade:

“Após se dar conta da despercebida pobreza nacional, o remédio proposto (...) é a criação de novas vagas para as crianças de 0 a 6 anos, “a baixo custo”, nas creches Casulo.” (Kuhlmann, 2000, p. 10).

E também:

“Para os pobres, a creche seria um meio para promover a organização familiar.” (Kuhlmann, 2000, p. 12).

E ainda não surgiu da visão de um direito da criança, mas como um direito da família ou de acordo como os movimentos feministas, um direito da mulher (da mãe). De acordo com o texto:

“As idéias socialistas e feministas, nesse caso, redirecionavam a questão do atendimento (...) a educação da criança em equipamentos coletivos, como uma forma de se garantir às mães o direito ao trabalho.” (Kuhlmann, 2000, p. 11).

Talvez por isso, ainda hoje, exista confusão entre a família dos alunos acerca da função da Educação Infantil. Muitos vêem esse espaço como um lugar para se deixar a criança enquanto eles saem para o trabalho, ou ainda, não demonstram preocupação com o que está sendo ensinado às crianças e apenas enxergam a parte do cuidado da Educação Infantil.
A partir da década de 80 do século XX, passou a existir uma luta em devesa do caráter educacional das creches e da pré-escola, e com visão nas necessidades das crianças. E somente em 1996, com a LDB “a legislação nacional passa a reconhecer que as creches e pré-escolas, para crianças de 0 a 6 anos, são parte do sistema educacional, primeira etapa da educação básica.” (Kuhlmann, 2000, p. 6).

Um comentário: